quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O FIM DO IMPÉRIO ROMANO DO OCIDENTE

No século V, a crise econômica, administrativa e militar do Império Romano do Ocidente era cada vez mais grave. Nos campos, a produção diminuía, visto que o número de escravos decaíra e grande quantidade de camponeses era obrigada a servir ao exército. Bandos de desocupados, em busca de trabalho, dinheiro e comida transformavam-se em bandidos que ameaçavam a ordem estabelecida. Nas cidades, o comércio e as manufaturas declinavam. A insegurança dificultava a comunicação entre as regiões do Império.

Com as invasões germânicas, o comércio entre as províncias interrompeu-se, a administração desintegrou-se, as estradas foram abandonadas, inúmeros campos ficaram vazios e a população diminuiu. O abastecimento das cidades(principais alvos dos ataques, pelas suas riquezas) tornou-se difícil, forçando a ida de seus habitantes para a área rural, em busca de segurança.

Progressivamente, a aristocracia romana retirava-se para seus latifúndios – as “villae” – levando consigo artesãos, pequenos comerciantes e demais moradores das cidades que, premidos pela forma, pelos impostos e pelas pilhagens, procuravam a proteção dos grandes proprietários – os “potentiores” – reforçando a tendência à ruralização. Sobreviveram apenas algumas cidades situadas junto às rotas fluviais e marítimas que substituíam as estradas como vias de comércio.

O Estado, sobrecarregado de despesas, aumentava constantemente os impostos, trazendo o desespero e a ruína aos pequenos proprietários, que, pressionados, acabavam por ceder suas terras e seu trabalho ao poderoso grande proprietário vizinho, perdendo a condição de homem livre em troca de proteção.

A progressiva ruralização modificou as antigas “villae” romanas, aumentando sua extensão e alterando o sistema de trabalho. Ao lado do escravo e dos poucos pequenos proprietários que conseguiam manter sua propriedade, crescia o número de colonos, camponeses não proprietários e dependentes dos grandes senhores. Esses apropriavam-se agora dos impostos que arrecadavam diretamente dos colonos, passando a exercer funções que pertenciam ao Estado.

O enfraquecimento do Império manifestava-se também na decadência do exército, muito infiltrado de bárbaros. Desde Constantino que as legiões romanas contavam com um número cada vez maior de germanos(godos, vândalos, éruloa, alamanos, francos, etc) em suas fileiras. A aristocracia romana era sistematicamente afastada das funções militares pelos imperadores, temerosos de sua influência. A guarda pessoal do Imperador e os mais altos postos do exército e da Corte estavam nas mãos dos germanos, que em troca de pagamento eram sempre fiéis e imunes às variações da política.

A enorme estrutura militar, política e administrativa do Império Romano do Ocidente tornava-se difícil de ser sustentada por uma economia em crise. A queda na produção e na arrecadação e o esvaziamento das cidades levaram-no ao colapso total frente às invasões bárbaras do século V, que culimiram com a tomada de Roma e a derrubada do último imperador, Rômulo Augústulo, em 476. A partir dái, a ruralização e a tendência à fragmentação política, com a divisão do Império do Ocidente numa série de reinos romano-germânicos, persistirão cada vez mais fortes.

Embora em fins do século V todo o Ocidente já estivesse ocupado pelos bárbaros, no Oriente a situação foi diferente. Ali o Império sobreviveu forte e centralizado, com suas populosas cidades de cultura e riqueza muito antigas. Os soberanos, com grande habilidade política, conseguiram rechaçar s ameaças dos bárbaros e a monarquia despótica de tipo oriental perdurou até 1453, quando a capital Constantinopla foi tomada pelos turcos otomanos.

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