quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O REINO DOS FRANCOS

O reino merovíngio (481/741)

Na Gália, as tribos francas foram unificadas no final do século V por Clóvis (481/511), convertido ao catolicismo, surgindo o primeiro reino bárbaro cristianizado. Neto de Meroveu, Clóvis deu início à dinastia merovíngia, que reinou entre os francos até 741.

A base desse reino era a legalidade pessoal que ligava o rei a seus guerreiros. Sua autoridade vinha do fato de ser chefe da guerra e da conquista; o reino era considerado seu patrimônio pessoal, dele podendo dispor à vontade.

A fidelidade pessoal ao rei era conseguida através de um juramento que os guerreiros lhe prestavam e do compromisso de a ele servir pelas armas, tornando-se assim seus vassalos. Em troca, o soberano protegia e auxiliava os vassalos, garantindo-lhes os meios de seu sustento através da doação de um “benefício”, que podia ser a terra(o domínio) ou qualquer outro bem. As constantes doações de terra acabaram por enfraquecer o poder dos monarcas merovíngios, cujo patrimônio se fragmentava continuamente.

No século VIII, Carlos Mertel, um nobre da família de Heristal, conseguiu prestígio e poder ao deter o avanço dos muçulmanos sobre a Europa Ocidental, vencendo-os em Poitiers(França) em 732. Seu filho Pepino I (741/768) destronou o último rei merovíngio e proclamou-se rei dos francos, iniciando a dinastia carolíngia (741/987). Sua coroação pelo papa Estevão II reforçou a aliança entre a Igreja e o reino franco. O Império Carolíngio (741/987) Pepino I foi sucedido por Carlos Magno (768/814) que expandiu enormemente o reino franco, anexando a Itália lombarda, a Saxônia, a Frísia e a Catalunha, tornando-se o único rei da Europa cristã. Em seu governo, houve uma espécie de renascimento cultural e administrativo, o restabelecimento da moeda e da escrita. No Natal do ano 800, Carlos Magno foi coroado Imperador do Ocidente.

A COROAÇÃO DE CARLOS MAGNO COMO IMPERADOR

“Ora, como no santíssimo dia de Natal, ele tinha entrado na basílica de São Pedro, apóstolo, na ocasião da celebração das missas solenes, e estava diante do altar, com a cabeça inclinada, em oração, o papa Leão pôs-lhe a coroa na cabeça, e todo o povo romano rompeu em aclamações: “A Carlos Augusto, coroado por Deus, grande e pacífico imperador dos Romanos, vida e vitória!” Terminados estes louvores, foi Carlos adorado pelo papa à maneira dos príncipes antigos, e sem tomar, contudo, o título de Patrício, foi chamado Imperador e Augusto.” (ANAIS REAIS, ano de 801). (Citado por Freitas, G., op. cit. p. 131).

O império de Carlos Magno era administrado a partir do Palácio, localizado, na capital, Aix-la-Chapelle. Abrigava funcionários eclesiásticos, aos quais cabia o serviço religioso, e leigos, como o senescal que tratava do abastecimento da corte, o condestável que cuidava das estrebarias, o camareiro encarregado da contabilidade e o conde do Palácio, presidente do Tribunal real. Todos eram vassalos do rei.

O Palácio possuía oficinas, onde artesãos especializados trabalhavam o ouro, a prata e as pedras preciosas, constituindo-se no tesouro do rei, sempre exibido em ocasiões solenes. A cunhagem de moedas era atribuição do monarca, símbolo do poder, da ordem e da estabilidade do reino, sendo proibida a sua fabricação fora do Palácio.

O rei estava em constante movimento pelas diversas regiões do Império e de suas propriedades, não apenas para tirar o máximo de proveito delas, como também para manter sua autoridade. Em sua ausência, suas terras eram administradas pelos intendentes, que dirigiam as atividades agrícolas e controlavam os camponeses.

O comércio, que havia diminuído bastante nos séculos anteriores em função do processo de ruralização da sociedade, conheceu, no período carolíngio, uma certa renovação. Houve o aparecimento dos “portus”, povoações localizadas junto aos rios mais importantes, formadas por um cais de desembarque e uma rua com entrepostos, e com clara função de mercado.

Os camponeses trocavam seus produtos, tais como galinhas, ovos, peixes, cerâmica, nas feiras dos campos e aldeias, garantindo uma pequena renda em moeda(o dinar de prata corolíngio). Alguns metais como o ferro e o chumbo, além do sal, eram também comercializados.

Os nobres, proprietários dos domínios, vendiam sua produção excedente de vinhos e cereais, a fim de obter as moedas necessárias à ostentação e à aquisição de artigos de luxo(especiarias, perfumes, tecidos) provenientes do Oriente e que penetravam no Império Carolíngio via cidades do litoral mediterrâneo, como Veneza(Itália) e Marselha(França). O comércio de mercadorias de luxo era realizado dos negociantes especializados, que faziam parte do corpo de servidores da nobreza e dos reis.
Autores: Fábio Costa Pedro e Olga M. A. Fonseca Coulon.
História: Pré-História, Antiguidade e Feudalismo, 1989

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